segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Contos Avulsos - A Morte do Amor

Charles escancarou a porta do pequeno e sujo bar com o pé, a porta ribombou contra a parede fazendo os parcos cliente saltarem de medo. Ele encarava o dono do bar, que estava atrás do balcão com os olhos arregalados. Charles andou ate o proprietário do estabelecimento, seu rosto estava vermelho e seus olhos injetados de sangue. Bufava fortemente:

- Cadê o Amor? – Perguntou ele.

- Não sei do que você esta falando! – Responde o dono do bar.

- Não me enrole, eu sei que ele bebe sempre aqui!

- Eu não sei mesmo do que você... – Charles pega um dos bancos e o arremessa contra o espelho atrás do pobre homem.

Cacos de vidro voam e caem sobre o balcão. Um dos clientes sai correndo em direção a rua. Quem ficou, estava estático.

- Eu vou perguntar mais uma vez: onde esta o Amor?

- Já disse, homem! Não sei do que você está falando!

Charles puxa o homem pelo colarinho da blusa e deixa os rostos a poucos centímetros um do outro. Com a mão livre, Charles saca um revolver da cintura e encosta na lateral da cabeça do pobre homem, que estava se urinando inteiro.

- Moço, ele veio hoje pela manhã, tomou um whiskey e foi embora! É tudo que eu sei, pelo amor de Deus não me mate!

- Onde ele trabalha? – Charles mantinha a arma pressionada contra a têmpora do dono do boteco.

Antes que pudesse dar uma desculpa, o homem atrás do balcão ouviu aquele “clique” familiar da arma sendo engatilhada. Urinou-se mais um pouco.

- Só sei que ele trabalha para o Departamento de Trânsito! Eu juro.

Tão rápido quanto entrou no bar, Charles saiu, batendo a porta atrás de si.

Charles parou seu carro no estacionamento reservado aos funcionários do Departamento de Trânsito, quando ia ser questionado pelo segurança responsável por aquela área. Bastou um olhar para fazer o guarda lembrar que tinha que fazer, algo em algum outro lugar. Ele andou até a grande porta de entrada onde havia uma recepção com duas atendentes extremamente gordas sentadas e conversando entre si enquanto uma fila gigantesca aguardava a boa vontade das mórbidas secretárias. Charles nem titubeou e foi direto ao balcão sob protestos das outras pessoas. Encostou no balcão e falou com a menos gorda das duas:

- Onde eu acho o Amor?

As mulheres não dispensaram a menor atenção ao homem.

- Onde eu acho o Amor?

Novamente a pergunta ficou sem resposta. Desta vez, Charles desferiu um potente tapa na parte de cima do balcão, que fez ambas as sgordinhas empertigarem-se e, magicamente ou pelo susto, seus queixos  foram engolidos pela papada embaixo do pescoço.

- Suas gordas imundas, se eu precisar perguntar mais uma vez onde eu acho o Amor, juro que vou arrancar os ossos dos seus corpos gordurosos!

- Terceiro andar, sala quatro, mesa sete. – Respondeu a mais gorda das mulheres.

Então, deixou o recinto ao som de aplausos das pessoas na fila. Foi até o elevador e subiu ao andar  indicado. Procurou por entre as várias salas do DT até encontrar a certa. Foi olhando entre as mesas e achou apenas o lugar aonde o amor deveria estar. Mas ela encontrava-se vazia... Na mesa ao lado havia um rapaz de terno e gravata que segurava um porta-retrato com a foto de uma mulher. Tinha os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar.

- Onde esta o Amor?

- Eu também queria saber. Não veio hoje, aquele desgraçado! – O rapaz não desviou o olhar para responder. – É só por causa dele que estou sofrendo.

- Onde eu posso acha-lo?

- Talvez na casa dele ou, quem sabe, acabando com a vida de mais alguém!

A casa do Amor era conhecida por todos. Charles sabia chegar lá. Voltou pelo mesmo caminho e via todas as pessoas que estavam na fila da recepção batendo as mãos no balcão enquanto as gordas se encolhiam na parede. Foi até seu carro e saiu rasgando o asfalto em direção à casa do Amor. Após dirigir por um tempo chegou a Diadema e, depois à casa do Amor. Parou o carro, desceu, e foi pisando forte até o portão de entrada. Tocou a campaínha várias vezes, até que uma senhora o atendeu a porta.

- Me chame o Amor! – Gritou Charles. –Me chame o Amor agora!

- Ah, meu filho, ele foi até a padaria comprar pão e mortadela.

Charles virou-se e olhou para a padaria na esquina da rua. Sem despedir-se da senhora foi a pé até o estabelecimento. Logo que entrou já encontrou o Amor sentado num daqueles bancos em frente à estufa de salgados. Estava tomando uma bebida qualquer. Todos a sua volta estavam tristes. Alguns choravam. Somente o Amor mantinha um semblante tranqüilo. Charles sacou a arma e foi até seu inimigo.

- Te encontrei, seu miserável, filho da puta! – Engatilhou a arma. – Hoje é o fim da sua vida! Ninguém vai sofrer pelos seus caprichos novamente!

Antes que o Amor pudesse se defender, Charles disparou-lhe cinco tiros certeiros e fê-lo cair pálido no chão, a engasgar-se com seu próprio sangue. Gemeu três vezes e morreu. Instantaneamente, todos ao redor começaram a parecer felizes, alguns esboçavam risos, outros sorriam, enquanto que outros, ainda, regozijavam a morte do Amor. No fim, Charles deixou a padaria com o som de “vivas” e risadas. Nunca mais haveria amor no mundo.

6 comentários:

OozZeias disse...

Uma dica... Coloca uma imagem que combine com o assunto... para seu blog ficar um pouco mais Show...

http://blog.supersapo.net/

The Puck disse...

Eu ainda manjo tanto de blog quanto de foguetes! Mas estou trabalhando nisso!

Pedro Boar disse...

Caraca....ainda bem que alguem matou, ja era hora!

Anônimo disse...

Mas vem cá: ele já não havia falecido?!?

The Puck disse...

Na verdade, foi assim que ele faleceu! Ou melhor, faleceram ele!

Elisabeth Damico disse...

Isso tá com cara de paixão,rsss

 
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